A IMPALA, organização que reúne gravadoras independentes da Europa, lançou o segundo relatório sobre o uso de sua Calculadora de Carbono. Desenvolvida em parceria com a Julie’s Bicycle, o objetivo da ferramenta é ajudar as gravadoras a entender e gerenciar suas emissões. Desde o lançamento, mais de 150 gravadoras de 26 países já utilizaram o recurso, com 60 delas fornecendo dados completos de suas pegadas de carbono.
Os resultados revelam que a fabricação de produtos físicos, como discos de vinil e CDs, responde por 64% das emissões. Já o transporte e a distribuição representam 22%, enquanto as operações gerais das gravadoras somam 14%. O relatório também destaca as ações mais comuns que estão sendo tomadas para reduzir esse impacto.
Fabricação é o maior desafio ambiental
Grande parte das emissões vem da fabricação, especialmente de vinil. A produção desses itens, que requerem grandes volumes de recursos, é uma das mais significativas para a pegada de carbono das gravadoras. Apesar disso, o formato continua popular tanto entre artistas quanto entre consumidores.
Para tentar reduzir as emissões nesse processo, algumas gravadoras estão ajustando o peso dos discos de vinil de 180g para 140g. Essa mudança ajuda a economizar material sem alterar significativamente a qualidade do produto.
O transporte também é uma questão importante. Muitas gravadoras têm buscado alternativas para o envio de discos e outros produtos. O uso de transporte marítimo, por exemplo, tem sido priorizado em vez do aéreo, que gera emissões maiores.
Sustentabilidade no dia a dia das gravadoras
Além de focar na fabricação e no transporte, o relatório da IMPALA mostra que gravadoras estão incorporando mudanças nas operações internas. Um exemplo é a substituição de lâmpadas comuns por modelos mais eficientes em energia, o que reduz o consumo e, consequentemente, as emissões associadas.
Outra medida importante é a designação de responsáveis dentro da equipe administrativa para monitorar questões de sustentabilidade. Essa abordagem garante que a preocupação com o meio ambiente faça parte das decisões estratégicas das empresas.
As conversas com artistas também estão se tornando mais frequentes, com o objetivo de incorporar práticas sustentáveis em turnês, gravações e até na escolha de materiais promocionais.
Dados como ferramenta para mudanças
O relatório aponta que o acesso a dados precisos sobre emissões de carbono é um passo essencial para que as gravadoras possam adotar estratégias mais efetivas. Com quase dois terços das emissões concentradas na fabricação, as iniciativas focadas nesse ponto podem ter um impacto expressivo no balanço ambiental do setor.
Além disso, a coleta de informações detalhadas permite que as empresas identifiquem gargalos específicos em suas operações. Isso facilita a adoção de práticas mais sustentáveis sem comprometer a produção musical ou a relação com os consumidores.
A colaboração como caminho para redução das emissões de carbono
Para enfrentar os desafios das emissões, o relatório reforça a necessidade de colaboração em toda a cadeia produtiva. Fabricantes, distribuidores e até os próprios consumidores têm um papel importante nesse processo.
Uma das sugestões destacadas no documento é a busca por fornecedores comprometidos com práticas ambientais mais responsáveis. A fabricação local, sempre que possível, também é mencionada como uma forma de reduzir emissões no transporte.
O relatório também indica que os consumidores estão mais atentos ao impacto ambiental das empresas que apoiam. Por isso, adotar medidas sustentáveis pode ser não apenas uma questão de responsabilidade, mas também uma forma de se alinhar às expectativas do público.
Próximos passos para o setor
Com os dados apresentados, o relatório da IMPALA lança luz sobre o impacto ambiental das gravadoras independentes e abre espaço para discussões mais amplas. Embora algumas mudanças já estejam em curso, o documento mostra que ainda há muito a ser feito.
O uso de ferramentas como a Calculadora de Carbono é um avanço importante, pois ajuda as empresas a entenderem melhor suas emissões. O próximo desafio será transformar esses dados em ações concretas, tanto no nível individual das gravadoras quanto em iniciativas mais amplas dentro do setor.
O estudo da IMPALA reafirma que a sustentabilidade precisa ser parte do futuro da música. Reduzir emissões não é apenas uma meta ambiental, mas também uma oportunidade para o setor musical se adaptar a um cenário cada vez mais consciente das questões climáticas.