A Rocinante Três Selos, projeto que une a gravadora Rocinante e o clube de assinaturas Três Selos, completou um ano de atividades com uma estrutura operacional que abrange Petrópolis, Rio de Janeiro e São Paulo. Nesse período, a iniciativa lançou mais de 40 títulos, incluindo álbuns de artistas como Barão Vermelho, Gilberto Gil, Liniker e Baiana System. E constata: lançar vinil no Brasil nunca foi tão promissor.
Rafael Cortes, sócio do projeto e responsável pelo A&R, considera que o desempenho segue tendências do mercado global de vinil. Ele fala com exclusividade ao Mundo da Música sobre esse balanço, revelando detalhes inéditos sobre os planos futuros da empreitada.
“É uma história intensa para tão pouco tempo, mas reflete o crescimento consecutivo do mercado de vinil no mundo. Hoje, quase todos os artistas se interessam em produzir tiragens de seus álbuns em vinil”, afirma.
Ele também destaca que o formato oferece uma experiência diferenciada.
“A experiência do vinil possibilita uma escuta mais atenta, que valoriza uma estética de áudio, toda parte gráfica além de conteúdos extras, como textos exclusivos com detalhes da produção de cada álbum”.
Produção e números da Rocinante Três Selos
No primeiro ano de operação, a Rocinante Três Selos já produziu dezenas de milhares de discos, segundo Wladymir Jasinski, diretor da fábrica localizada em Petrópolis.
“Com 45 títulos lançados, o selo prensou nesses primeiros doze meses mais de 36 mil discos, entre versões simples e lançamentos duplos. A capacidade fabril da Rocinante supera os 150 mil discos por ano, incluindo os lançamentos próprios da gravadora e licenciamento, além dos projetos de outros contratantes”, afirma.
A fábrica, localizada na serra do Rio de Janeiro, é o ponto central da operação. Após a produção, os discos são distribuídos para lojistas e colecionadores em todo o país. Além disso, a parceria com a Tropicália Discos permitiu expandir a curadoria de títulos, abrangendo lançamentos recentes e relançamentos de obras raras.
Crescimento do mercado de vinil no Brasil e no mundo
A Rocinante faz parte de um movimento crescente no mundo da música. Segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), a receita global de discos de vinil aumentou cerca de 23% em 2023, representando aproximadamente 5% do mercado total de música gravada. No Brasil, o formato também tem se consolidado. Dados da Pro-Música indicam que, entre 2021 e 2023, o consumo de discos de vinil cresceu mais de 30%.
Rafael Cortes observa que o interesse no vinil vai além da nostalgia.
“O produto agrega bastante ao plano de divulgação, já que existe um público fiel no consumo e que acaba reaquecendo o assunto do lançamento digital.”
Essa dinâmica favorece tanto artistas consolidados quanto independentes, que veem no vinil uma forma de alcançar colecionadores e novos ouvintes.
Novos formatos e planos para 2025
A Rocinante Três Selos planeja diversificar ainda mais seu catálogo, com a produção de LPs compactos voltados para singles e EPs de até dez minutos. Para Rafael Cortes, o mercado brasileiro apresenta potencial para absorver novas demandas.
“O mercado de vinil no Brasil está mais forte do que nunca, e acreditamos que ainda há muito espaço para crescer. Nossa missão é continuar oferecendo ao público LPs de alta qualidade, que representem a riqueza e a diversidade da música brasileira”, afirma.
Com uma operação dividida entre produção, curadoria e distribuição, a Rocinante Três Selos se insere em um cenário em que o vinil recupera sua relevância cultural e comercial, acompanhando uma tendência global de valorização desse formato. Fãs ávidos para comprar não faltam.