Nos últimos anos, Alagoas tem se destacado por iniciativas que impulsionam sua economia criativa, especialmente em Maceió, com eventos que vão além da tradição turística focada em praias e belezas naturais. Um exemplo é o Festival Carambola, que desde 2017 tem fortalecido a cena cultural e a sustentabilidade econômica no estado. A programação do festival inclui shows, oficinas e debates que mobilizam a comunidade artística e atraem visitantes de várias regiões do Brasil.
Em 2024, o evento amplia sua relevância com a maior edição do projeto “Nubank Apresenta: Carambola em Formação”, que acontece entre 11 e 14 de novembro. A iniciativa busca promover a capacitação de profissionais do setor cultural, oferecendo oportunidades de aprendizado e intercâmbio de experiências entre agentes locais e de outros estados.
Para completar, traz um line-up porreta: de presenças já cimentadas no circuito alternativo nacional, como Liniker e Ana Frango Elétrico, a surpresas bem-vindas, como a banda argentina Bandalos Chinos em seu primeiro show no Brasil.
Festival fomenta economia criativa e capacitação
A programação educativa é uma resposta à ausência de leis locais de incentivo fiscal, desafio enfrentado por produtores culturais em Alagoas. Realizar um festival dessa magnitude exige esforço, mas, segundo Didi Magalhães, sócia-diretora do Carambola, a continuidade das edições é um sinal de que passos importantes estão sendo dados.
“Realizamos a formação paralela desde 2019 e este ano conseguimos trazer nossa maior programação até então. É incrível conectar os artistas alagoanos com agentes da economia criativa de diversos lugares, promovendo o diálogo entre diversos territórios e maior compreensão acerca do modus operandi de outras regiões. Os encontros nas nossas atividades educativas são muito produtivos e com trocas potentes”.
O evento inclui oficinas e mentorias sobre produção cultural e incentivos fiscais, além de debates sobre a sustentabilidade da música ao vivo e a valorização das pequenas plateias.
Com entrada gratuita e atividades voltadas a diferentes perfis do setor, a iniciativa se destaca por criar uma rede colaborativa que fortalece a economia criativa local. O festival já impactou milhares de pessoas em suas edições passadas e, em 2024, são esperadas mais de 5 mil, incluindo turistas de estados como Pernambuco, São Paulo e Paraíba.
Turismo cultural em Alagoas
O impacto do Festival Carambola vai além da cena musical, incentivando um novo tipo de turismo em Maceió: o turismo cultural. Tradicionalmente procurada por suas praias, a cidade tem, cada vez mais, atraído visitantes interessados em suas manifestações artísticas e eventos. O festival contribui para essa mudança de perspectiva ao mostrar que Alagoas também é um centro de produção cultural rica e diversificada.
Didi Magalhães comemora:
“Atualmente, programações formativas atreladas a festivais ou eventos culturais não são tão frequentes e, neste recorte nordestino, são ainda mais pontuais. A gente entende que oferecer esse braço educativo ao nosso público se faz necessário e importante. Permite que Alagoas entre em contato com modus operandi diversos, de outros lugares e gera uma troca de experiência bastante rica e potente”.
Sustentabilidade e impacto social
O festival também se preocupa com práticas sustentáveis e ações de impacto social. Em 2024, haverá medidas como compensação de carbono, uso de copos biodegradáveis e postos de hidratação gratuitos. Ações de conscientização ambiental e campanhas educativas sobre descarte de resíduos integram o compromisso do evento com a sustentabilidade.
Outra iniciativa importante é a concessão de bolsas de auxílio de R$ 800 para dez participantes do interior de Alagoas, fomentando a inclusão de agentes criativos de fora da capital. Essa medida busca equilibrar as oportunidades de acesso ao evento, garantindo que artistas e produtores de todas as regiões do estado possam se beneficiar das atividades formativas.
Desafios e futuro do setor cultural
Apesar dos avanços, o desafio de consolidar uma rede forte de economia criativa em Alagoas persiste. A falta de incentivos locais ainda limita o desenvolvimento pleno do setor. Didi Magalhães ressalta que as ações formativas e a programação diversificada têm papel fundamental na capacitação e na manutenção de um ecossistema cultural robusto. Para ela, trazer experiências de outros lugares e estimular o intercâmbio é essencial para criar soluções e potencializar a cena cultural alagoana.
A expectativa é que o Festival Carambola continue atraindo um público diversificado e contribuindo para posicionar Alagoas como um destino de turismo cultural. A edição de 2024, com sua programação ampliada e um foco maior em sustentabilidade, reafirma o compromisso do festival em ser um catalisador para a arte e a economia criativa na região.