A internacionalização da música brasileira ganha espaço de destaque hoje (10/06) em um dos eventos mais relevantes da indústria fonográfica global. A Music Business Association promove dois painéis dedicados exclusivamente ao potencial da música brasileira no cenário internacional, dentro da programação da série Music Biz Passport. O evento online gratuito tem inscrições abertas.
O evento “Meet & Learn from Global Music Industry Pros” reúne profissionais norte-americanos e líderes da música de diversas regiões do mundo para discutir colaborações e estratégias globais. O Brasil ocupa posição central nas discussões, refletindo sua importância como um dos dez maiores mercados musicais mundiais.
Por que o Brasil importa para a música latina
O primeiro painel, “Why Brazil Matters for Latin Music”, acontece das 15h às 15h45 (horário de Brasília) e conta com a participação de Cris Falcão (Virgin Music), Pedro Kurtz (Deezer LATAM), Marcela D’Arrochella (Sua Música) e Yan Hayashi (manager de Pabllo Vittar). A discussão aborda a posição estratégica do Brasil no ecossistema da música latina.
O painel examina como o Brasil desenvolveu uma cena musical vibrante que o coloca entre os dez maiores mercados musicais mundiais. Apesar de ter o português como idioma principal, artistas que cantam em espanhol vêm ganhando espaço em playlists brasileiras, demonstrando como as barreiras linguísticas têm sido superadas e como o intercâmbio cultural entre o Brasil e seus vizinhos gera algumas das melhores músicas recentes.
Estratégias para expansão global da música brasileira
O segundo painel, “Global Beats: Expanding Brazil’s Music to the World”, acontece das 15h45 às 16h30 (horário de Brasília) e é mediado por Arthur Deucher Figueiredo, advogado de entretenimento e imigração especialista em estruturação jurídica de carreiras criativas nos Estados Unidos. Segundo ele, os principais desafios enfrentados por artistas brasileiros no cenário internacional se concentram em três frentes: cultural, operacional e estratégica.
“Na frente cultural, há uma barreira linguística e estética. Muitos artistas encontram dificuldade em adaptar sua linguagem artística para públicos que não compartilham os mesmos códigos culturais. O mercado internacional reconhece a riqueza da música brasileira, mas ainda nos vê como um universo isolado dentro do circuito latino e global”, explica Figueiredo.
Barreiras operacionais e estratégicas
Do ponto de vista operacional, o advogado destaca:
“Enfrentamos custos logísticos elevados, burocracia para obtenção de vistos e uma carência de apoio sistemático do Estado brasileiro na promoção da cultura no exterior”.
No campo estratégico, ele completa:
“O que muitas vezes falta é uma visão global de carreira. Internacionalizar exige planejamento de longo prazo, equipe conectada com o mercado externo e presença constante”.
O painel conta ainda com a participação do engenheiro de áudio e produtor musical vencedor do Grammy Henrique Reis Andrade, da booking agent da Universal Attractions Agency, Johayna El Mouallem Rodrigues, e da day-to-day manager da JET Management, Lívia Peixoto. Cada profissional traz uma perspectiva diferenciada sobre os caminhos para a projeção internacional.
A visão dos profissionais da indústria
Para Johayna, da UAA, o caminho da internacionalização não segue receita pronta e exige atenção desde o início.
“Antes de buscar relevância lá fora, o artista precisa consolidar seu espaço no Brasil e entender com quais públicos se conecta. A famosa ‘Global Music’ ainda nos coloca numa caixinha à parte do mainstream latino. O sucesso no Brasil não se traduz automaticamente nos EUA — é quase como começar do zero, conquistando o público casa por casa, show por show”, ressalta.
Lívia Peixoto enfatiza a importância da presença física nos mercados-alvo:
“Estar nos mercados-alvo, mesmo que por curtos períodos, permite ao artista entender a cultura local e criar colaborações orgânicas. Relação vem antes da estratégia. Além disso, dominar o idioma, adaptar os lançamentos ao timing de cada mercado e manter a essência do projeto são pontos fundamentais”.
O diferencial técnico e criativo brasileiro
Henrique Reis Andrade destaca que dominar as ferramentas técnicas da indústria é tão importante quanto manter a força criativa.
“É preciso falar a linguagem do mercado — tanto tecnicamente quanto emocionalmente — para competir fora. O inglês técnico é essencial, mas também é preciso saber contar histórias com nossa identidade e ritmo. A percussividade e o sentimento brasileiros são um diferencial artístico que o mundo precisa reconhecer como potência global”, destaca o produtor.
Ambos os painéis oferecem insights práticos sobre dinâmicas de mercado, como capitalizar sinergias regionais, aproveitar plataformas de streaming e construir parcerias transfronteiriças. O objetivo é equipar participantes com conhecimento para integrar estratégias internacionais em seus próprios negócios.
Oportunidades concretas de intercâmbio
As sessões prometem ferramentas reais para que artistas, produtores e managers brasileiros possam construir parcerias globais, mapear festivais estratégicos e entender os ciclos dos mercados internacionais. O foco está em posicionar carreiras de forma sólida e sustentável no cenário global, superando barreiras legais, culturais e logísticas.
Arthur Figueiredo conclui:
“O Brasil está entre os dez maiores mercados musicais do mundo, mas ainda é sub-representado globalmente. O Music Biz Passport é mais do que uma vitrine — é uma escola. Um espaço onde as trocas são reais e as pontes que surgem podem se transformar em oportunidades concretas”.
SERVIÇO
Evento: Music Biz Passport – Music Business Association
Data: 10 de junho de 2025 (hoje)
Horários:
Painel “Why Brazil Matters for Latin Music”: 15h às 15h45 (horário de Brasília)
Painel “Global Beats: Expanding Brazil’s Music to the World”: 15h45 às 16h30 (horário de Brasília)
Inscrição: Gratuita em https://us02web.zoom.us/webinar/register/WN_vU8YnyKrQLS-B7xBLBxV6g#/registration
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